sexta-feira, 31 de outubro de 2014

O Dia em que ele encontrou sua Paz

Série "Diálogos Efêmeros", Nº 1


Ela: Como assim? Não estou entendendo!

Ele: O que você não entende? Sabe, você acha que tudo é confuso só pra você, mas pra mim também sempre foi muito confuso isso tudo! Os sentimentos vão me surgindo, mas nem sempre soube lidar com eles de forma adequada!

Ela: Mas você não me odiava?

Ele: Odiava como?

Ela: Já me ligou uma vez me xingando, bastante ríspido, como se quisesse defender aquela menina lá... Sabe, acho isso tudo muito estranho, isso foi meio que um choque pra mim...

Ele: Olha, confesso que tudo aquilo foi uma encenação ridícula, e o problema é que muitas vezes a gente compra uma imagem pré-fabricada de outras pessoas, tomando apenas comentários indecorosos, o que eu sempre evitei. Eles te odiavam, falavam mal de você o tempo todo, isso foi me enojando... Mas eu peço desculpas por aquele dia.

Ela: Está desculpado. Realmente, e isso é recíproco, não tenho nenhuma empatia por eles, são uns boçais.

Ele: Então, e porque sem querer eu acabava vendo suas fotos, e olhando bem nos seus olhos, serenos, negros, e algo que não sabia até então explicar me invadia, e com o tempo fui percebendo realmente o que eu sinto.

Ela: Você me deixou confusa com tantas cartas! Todas elas anônimas, me deixou maluca! Nossa, não sei o que dizer, estou sem palavras!

Ele: Realmente, na verdade não sabia exatamente como te dizer, e cada vez que isso ficava maior e maior dentro de mim, mais ansioso eu ficava, e olha que é coisa que eu nunca passei na vida, nunca tive esse tipo de dificuldade de chegar em uma garota.

Ela: Que loucura isso tudo!

Ele: E olha, não precisarei dizer muito do que eu realmente sinto, pois você já deve saber de cor e salteado, tendo em vista a vasta quantidade de cartas!

Ela: Realmente, de certa forma, mas eu tento entender um pouco, estou tentando encaixar todas as informação de forma mais conexa.

Ele: Entendo. E serei bastante compreensivo com a situação, visto que você namora, não é mesmo?

Ela: Olha... Deixa eu lhe dizer uma coisa...
(um breve silêncio)

Ele: Sim? O que você tem pra me dizer? Agora deveria lhe escutar, pois eu tenho lhe falado- e escrito- tanto nesses últimos meses, estou a todo ouvido.

Ela: Olha, sim, namoro, e incrivelmente, não sei como, você soube captar tão perfeitamente o que eu sentia... Você, não sei como, soube compreender o marasmo, o niilismo e a infrutiferidade desse relacionamento que eu me encontro, onde estive nesses últimos tempos perdida no solipsismo extremo. Agora, é tão inusitada essa situação que até me dá vontade de rir...

Ele: Entendo a parte que toca no seu relacionamento, eu sempre via você triste, cabisbaixa, eu via você, eu estava lá...

Ela: (Risos)

Ele: (Risos)

Ela: Pois é né, era você, com aquela expressão fechada, você passava me olhando né, eu sabia!

Ele: Então, entretendo, porque você acha a situação inusitada? Afinal, cá estou, finalmente! Acabou o mistério, acabou todo aquele lance de admirador secreto, acabou, eu revelei o mistério, eu sou o mistério, e não menos apaixonado!

Ela: Eu sei, só que veja bem, sempre gostei secretamente de uma certa pessoa. Uma atração estranha, proibida, se relacionava com uma suposta “melhor amiga”, cuja amizade foi tão sólida como areia. Apesar de continuar nutrindo aquele ódio visceral por aquelas pessoas, em relação a ele eu só alimentava aquela paixão secreta. Mas era tão distante, tão difícil...

Ele: (...)

Ela: De repente não voltei mais naquela cidade, e por uma felicidade extrema e aliviante, ele veio a permanecer e trabalhar aqui, na cidade que eu moro! Mas tudo continuava tão distante, tão fechado para mim. Em contrapartida comecei a receber as estranhas e misteriosas cartas anônimas, que agora você revelou serem suas, e confesso que sim, me apaixonei pela sua retórica, pela forma com que você usa as palavras para descrever sua alma e seus sentimentos. A cada carta eu ficava cada vez mais apaixonada e instigada a descobrir quem era...

(Ele está atônito nesse momento, e com o coração cada vez mais acelerado)

Ela: Tentava em cada milímetro daquelas folhas descobrir vestígios de quem seria você, imaginava tantas possibilidades, tantas pessoas, mas nada se encaixava, ninguém do meu ciclo social, nenhum garoto saberia escrever dessa forma, mas o choque maior aconteceu!

Ele: O que? Me diga, o que?
(ele já não se controla mais de ansiedade, a respiração cada vez mais ofegante)

Ele: Agora, quem diria, eu nunca iria imaginar uma coisa dessas, VOCÊ é o cara das cartas, e ao mesmo tempo, é a minha PAIXÃO SECRETA. O tempo todo, foi você, você esteve lá, me observando, com esse olhar severo e fechado, que na minha infinita ingenuidade não sabia que guardava dentro de si esse sentimento, do que eu também compartilho.


(Nesse momento ambos os corações estavam acelerados, o inevitável estava para ocorrer, então o beijo aconteceu, e ele soube que era muito mais doce e macio que no seus mais ternos sonhos, e o beijo selou pra sempre a união indissolúvel. Finalmente ele encontrou sua paz)

"...por que acho que por mais estranho e doido que seja o que eu sinto por você, não chega a ser platônico! Eu te amo, eu te quero"




quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Não sei como agir

Série "Curtas", Nº 10


Eu não sei como agir, eu simplesmente não sei! É como se eu tivesse quinze anos novamente, mas em meus sonhos você habita, não vejo nada além de você do meu lado! 

Te quero, te quero muito!

"Todos sabem o quanto te quero!"

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

De onde vem a beleza?

Série "Poesias e Devaneios", Nº 9

A beleza vem da tristeza, não há beleza no riso desenfreado...
...não há beleza sem fardo...

...não há literatura sem vilões e lágrimas...

A poesia de quem já sofre é calma, alegre, porque não há mais nada pra vencer...

Só quem sofre é realmente feliz: aquele que sabe exatamente o gosto do alívio.

Que bom que sentimos dor!


Sinal que estamos vivos!


"Chorar é diminuir a profundidade da dor."

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Carta: "Cada vez mais"

Série "Cartas Perdidas", Nº 8


Lua Nova/GO - 05 de Agosto de 1998

Incrível como tento usar cada palavra e cada frase a favor do que sinto, mas não é algo simples. Eu e você somos são diferentes, em tudo, pertencemos a mundos diferentes, da mesma forma que pertencemos no mesmo mundo, no mesmo chão pisamos, cada dia que passa, são tantas cartas que eu já escrevi pra você, muitas pessoas simplesmente acham risível o que eu sinto.

É risível? Cada segundo de escrita poderia ser! Mas não me arrependo! Te amar foi um erro? Foi um erro mesmo? Mas eu erro diversas vezes seguidas, se for preciso! 

Olha por eu estou sofrendo e não faz pouco tempo! Engraçado tanto que eu não consigo me direcionar a você sem lembrar de paixão!

Amor, se você soubesse o quando tempo já estou te amando! Talvez você dê gargalhadas eternas, mas acho que ficará mais curiosa! Eu te amo e estou te amando demais, sendo que meu sentimento está crescendo a cada minuto, 

independente dos meus conflitos sentimentais! Eu sim tenho conflitos de sentimentos mas quando o seu nome está no meio, sempre estará! Independente do que disserem!
Mas é uma coisa estranha! Demais estranho é cada letra e palavra que surge quando eu peno em você! 

São tantas cartas que já foram escritas, ficaria surpreso que a carta aqui presente estaria chegando até você

São diversos clichês românticos, e não tem limites! Não sei mas em diversas vezes eu falei pra você o quanto eu amo você, mas provavelmente em pensamento, provavelmente não da forma que eu queria, provavelmente não da formar que deveria ter sido, mas eu te amo tanto, te amo mai que tudo, você tem se tornado uma paixão intensa pra mim, mas não platônica, por que acho que por mais estranho e doido que seja o que eu sinto por você, não chega a ser platônico! 

Eu te amo tanto! E muito!


"não sei descrever exatamente como eu poderia descrever o que sinto"



quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Carta: "Estive ausente"

Série "Cartas Perdidas", Nº 7


Sarandi/PR - 04 de Setembro de 1996


Estive ausente. Por muito tempo!

Uma carta só e nada, nada mais, nenhum sinal, e simplesmente tudo é misterioso, tudo. Nada sabe sobre mim, sobre o que sinto. Não existirá maneira fácil pra dizer, mas saiba que não estou tão ausente assim, ainda continuo te vendo, te admirando, te almejando!

De maneira nenhuma se sinta constrangida, ou perseguida, nunca! Não é bem por ai o que eu pretendo te passar. Saiba que é tão estranho eu tentar transmitir o que sinto, mas de certa forma nunca consigo transmitir da maneira certa.

Estive realmente ausente, mas apenas nas palavras! Meus sentimentos e pensamentos nunca se ausentaram dessa ilusão gostosa e fantasiosa nem um segundo, nunca! É algo extremamente improvável, mas não menos real e plausível!

Ainda continuo notando em você um olhar vazio, distante, e perdido. Eu sinto que você está triste, está procurando uma baliza em tua vida, que ainda não foi achada. Eu talvez esteja tão enganado quando for possível, mas também possa estar certo. Nada mudou em mim, nenhum milímetro de pensamento e sentimento, é evidente.


Não será algo tão difícil assim de se constatar, mas saiba que nada mudou.

"Besteira é pensar que ausência seria traduzida como desinteresse"