segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Espaço-Tempo falho

Série "Curtas", Nº 16


Só vou conseguir existir verdade, nesse exato espaço-tempo, quando estou escondido numa brecha do tempo estranha, que não existe aqui.

Quando não há pudor nem medo, vergonha nem fingimento, quando somos só desejo e confiança. Quando eu e você só existimos em uma brecha estanha no tempo, numa pequena partícula de existir.

Quando existe eu e você como nós, e nunca isso vai mudar! Isso vai mudar apenas em uma faceta quântica, porque tudo é temporário, mas também tudo é eterno...

O resto do tempo, e o resto de tudo, depois que tudo acaba, me sinto uma cópia falsificada de mim mesmo, me sinto uma sombra....

"Poderia ter simplesmente me envergonhado disso tudo que sinto e estou sentindo, mas não é bem assim"

Escrever

Série "Curtas", Nº 15


É no papel que eu encontro minha liberdade

Em cada letra ou palavra estranha que ninguém entende

É em cada rabisco de tinta no papel branco que eu deposito o que há de tudo em mim.

É exatamente em cada letra estranha ou palavra esquisita, é em tudo isso que eu consigo desabafar tudo que eu tento sentir.... tento....

Mas nada disso importa, porque quase ninguém chega a ler o que eu escrevo, e isso não é algo necessariamente ruim!

"não, não deixei nunca de sentir o que sinto por você"

domingo, 18 de janeiro de 2015

Acerca das perdas, ou a vida como equação negativa

Série "Reflexões Pessoais", Nº 15


Existem reflexões que devem ser feitas. E elas geralmente só são feitas quando não existem a euforia. Como já disseram, nós "sentimos a dor, mas não a ausência dela", tal fato se deve pela capacidade adaptativa da mente humana.

Ainda sobre nossa mente, podemos também dizer o infinito imediatismo que estamos fadados. De forma que somos também enfaticamente fadados a errar e voltar a cometer os mesmos erros por diversas vezes. Somos por ora incapazes de prever algo ou alguma consequência à longo prazo, dado a forma com que visualizamos as coisas.

Criamos ilusões rampeiras, pra depositar toda nossa capacidade construtiva nessas ilusões. Construímos o edifício de nossas vidas muitas vezes sobre areia, e temos a péssima mania de idealizar situações impossíveis no mundo real.

Mas lógico, não vamos exagerar... Só as dúvidas ficam perneando a mente!
Porque afinal a vida seria equação negativa?

Quando tudo está uma merda existe a probabilidade de se tornar uma merda maior ainda. Nada é tão ruim que não possa piorar.

Fatores como saúde, clima, acasos inesperados, desentendimentos, decepções diversas nas nossas vidas com pessoas que achamos que podíamos confiar.

São fatores incontroláveis, você pode sair um dia de casa já deprimido pela vida miserável que leva e no meio do caminho para o trabalho cair uma tempestade maldita na minha cabeça....

E pior ainda no meio da tempestade você ser eletrocutado... Sim, cair UMA MERDA DE UM RAIO NA MERDA DA MINHA CABEÇA!


Nós não temos controle sobre oque nos cerca, na maioria das vezes estamos fudidos, achando que estamos num buraco, mas só estamos encrencados mesmo, ai, idiotas que somos achamos que a solução para os nossos problemas é algo infantil, imaginário, fictício! 

Criamos e vivemos um mundo de ilusão, sendo que as vezes acordar é doloroso, é mais gostoso ficar deitado em ‘’berço esplêndido”, mas melhor é acordar sim e bater de frente com a vida.

maldita tempestade!



quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Além do que chamo de ilusão

Série "Poesias e Devaneios", Nº 16


Me sido transpassado...
Dos atos, as consequências...
Por ter sido prepotente, arrogante, insípido
Por fazer transbordar empáfia em cada palavra minha
Por não saber escolher, optando pelo pior


Mas também me sinto angustiado
Por também me sentir impotente em quase tudo
Por não ter o controle mais absoluto...
...do meu desejo e meus anseios
De me entregar à lascívia por um dia, e só, nunca mais
De simplesmente querer sumir, mas não poder de fato
De ter um álbum de fotografias em minha mente...
...impossível de ser rasgado, queimado ou descartado


E também me sinto encurralado
De não saber lidar comigo mesmo
De quando frases de efeitos ligam-me à histórias paralelas
Das vidas que não pude viver
De simplesmente querer estar em uma situação diferente


No final só vejo que
Abraços se desfazem
O sol se vai sempre
O café esfria
O refresco se torna morno e sem graça
Sorrisos são efêmeros
Minha cama fica menor a cada dia
Em meu rosto paira uma sombra
Meu espelho reflete aquele que ainda é adolescente por fora...
...mas por dentro adulto

Por mais que eu tente
Não irei mudar o tempo
Não irei mover montanhas
Não irei segurar o rio
Não irei alongar os dias...
...os quais ficarão mais curtos a medida do tempo

Não há mal que pra sempre perdure, diziam eles
Mas que mal que se instala na alma
Desacalenta o coração
Impossível de dizer como
Nem explicar

Um dia amei
Noutro, me despedi
Minha vida segue sendo
Uma sequência de interrupções abruptas...


Luís Eduardo G. Costa


"A minha sede é ferrenha,Mas meu corpo não morre"




domingo, 11 de janeiro de 2015

Algo curto sobre condicionamento mental

Série "Reflexões Pessoais", Nº 14


Faz faz um bom tempo que não tomo um banho quente, mas todas as vezes que abro o chuveiro sou recebido com a mesma carga de justificativas, tentando me convencer de mudar a chave para o banho quente. Com o tempo é fácil observar que os mesmos mecanismos de racionalização que sua mente cria para não tomar um banho frio, são os mesmos que usa para não sair de casa e ir correr no domingo a tarde. 

São as mesmas desculpas que o seguram quando resolve começar aquele projeto novo, pra realmente seguir em frente quando tudo parece que pode dar errado. Talvez realmente dê, mas algo muito forte diz que não.

Nosso cérebro repete seus argumentos e quando entendemos que estamos sendo enganados por nós mesmos, reconhecendo estes padrões, é mais fácil de cortar as desculpas e seguir em frente. Enfrentar a barreira da zona de conforto e observar como você se comporta é simples e resulta em grandes mudanças.

As escolhas erradas e os efeitos delas sobre mim simplesmente me esmagam.

Sou uma bomba relógio ambulante, prestes a explodir a qualquer momento.


"...Talvez seja sempre é tardio e utópico, ficará sempre no campo da conjectura"

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Dividido

Série "Curtas", Nº 14


Estamos divididos, e no final tudo se divide...
Uma sucessão de interrupções abruptas, assim defino minha vida.
Quem sabe a paz seja uma grande utopia... o amor, um grande engodo?
Mas não, procuramos sempre pela paz e pelo amor...
E passamos por sucessivas divisões

Onde seguir? Pra onde ir? O que ser? O que fazer? Esquerda ou direita? Medicina ou culinária?

Praticamente somos rasgados ao meio pelas oportunidades e dilemas que nos são apresentados.

A natureza nos torna anti-humano talvez? Talvez, quem sabe...
A natureza humana muitas vezes é anti-humana, feroz e selvagem...

Agora acerca de "universos" em que vivemos, ou que estão aí... mundos, sonhos, ilusões, fantasias, ou qualquer outra metáfora ou alegoria que se use...

Sou dividido entre três mundos...

Um deles eu já perdi...
O outro eu nunca tive...
O terceiro, no qual vivo, não o quero de jeito algum...


"...É apenas algo que não posso mais guardar só comigo..."

domingo, 4 de janeiro de 2015

Amanhece, e tudo continua igual

Série "Poesias e Devaneios", Nº 15



Algo soa...Cantam os pássaros urbanos, com aquele som estridente, me faz acordar, ao mesmo tempo me fazendo lembrar que nem dormi. Ao mesmo tempo se escuta sons de buzinas e motores. Quando os primeiros raios de luz se misturam à atmosfera amarfanhada, cinza e poluta. 

É melhor se levantar, tentar equilibrar a mente com o corpo doído de uma noite não dormida. Pela janela descorada só se vêem aquelas estruturas imponentes, árvores de pedra, os arranha-céus senhoris, eternos na minha imaginação, de destacam em meio a algo que não sei se é neblina ou conspurcação.

E no canto do quarto, lá está ela, minha escrivaninha, onde estão pilhas de papéis manuscritos, textos e devaneios de uma mente que transborda sentimento além da matéria, onde papel e tinta se fundem em uma estrutura quase-viva de pura afeição. 

Meus papeis, meus escritos, meus devaneios, postados todos em pilhas e mais pilhas, e ao lado descansa uma xícara de café amargo que já esfriou, assim como minha alma.

Meus olhos doem! Não por ter chorado, coisa que nem sei fazer mais. Eles doem pela atmosfera cáustica desse ambiente metropolitano, pela nódoa que circunda por todo canto, nem ao menos há pra onde fugir,

Nessa selva de pedra lá fora que é a cidade, aqui dentro não fica tão diferente, sendo que meu coração compartilha da mesma matéria-prima de que são feitos aquele edifícios augustos e impenetráveis, duros como rocha seca e estéril.

Noutro canto uma pequena estante exibe dois porta-retratos, porém um fato curioso é que eles estão vazios. As fotos que nele eram ostentadas já nem existe mais, foram destruídas, queimadas, rasgadas. As imagens físicas podem até nem existir, mas as que residem dentro das minhas lembranças, ah, essas são impossíveis de serem rasgadas.

E não são "fotos" estáticas, captação estéril de uma fração de um picossegundo, mas sim todo um filme, toda uma vida vivida, onde imagens, sensações, prazeres, cheiros, perfumes, sentimentos, tudo isso está entrelaçado e misturado, guardado bem no fundo do coração de pedra que ostento, e de lá nunca sairá.

A austeridade que demonstro, a frieza que exibo, se faz necessária tão somente pela falta que tudo isso me faz, assim como a luz do sol que mal consegue penetrar nesse ambiente lúgubre que é essa cidade, que exala um cheiro corrosivo de gasolina, tão corrosivo quanto lágrimas que eu já provei um dia, apesar de não provar.

Tudo faz parte, e continuará sendo assim. Talvez Augusto dos Anjos tivesse razão, mas eu ainda não assisti o formidável enterro de minha última quimera.

"Não existe ainda a palavra “saudade” para tudo isso, mas de certa forma é o que eu poderia definir"



quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

O Medo

Série "Poesias e Devaneios", Nº 14


Tenho medo
Medo de quê? De quem? Porque?
Tenho medo de morrer cedo, medo de viver muito
Muito medo de chuva, ou do sol também
Costumo ter medo da rua, medo das pessoas, medo das sombras
Tenho medo de amar, e também de odiar
Medo dos cantos, dos espelhos que me fitam
O medo é biológico, mas também psicológico, ou virtual, imaginário
Mas não esqueço que também tenho medo de me perder
Medo de esquecer quem realmente eu sou,
De saber quem eu era, ou fui, sei lá
Não sei ao certo o real motivo, motivo desse medo
Medo do ostracismo, real ou fictício
Mas ele virá
Mas com certeza, o pior dos medos
O real medo, é ficar sem o amor...
O amor de quem eu amo, ou amei, ou vou amar,
Pois com certeza não é medo de não ter ninguém
E sim não ter alguém que tanto quero, ou nunca deixei de querer
O resto é bobagem, não existe mais nenhum medo, a não ser esse...


"O grande mal, a grande aflição é o conjunto de lembranças. O passado se entrelaça com o presente de maneira abrupta e totalmente irreal"