sábado, 17 de junho de 2017

Síndrome da Rainha Vermelha na Vida Pessoal

Série "Reflexões Pessoais", Nº 28


A "Síndrome da Rainha Vermelha" é um conceito, um postulado de sociologia, publicado na forma de livro de não-ficção pelo autor e sociólogo Marcos Rolim.

Todo o conceito da obra é pensado para ser trabalhado em cima da segurança pública brasileira e suas deficiências.

A ideia surge de uma passagem específica de personagens específicos da obra de Lewis Caroll, "Alice Através do Espelho". É sobre a frustrante sensação da personagem Alice de que quanto mais se corre, mais se fica no mesmo lugar:

"..."Vamos , Alice , corra, corra mais". Exausta com o esforço, ela se frustra quando percebe que não saiu do lugar. No mundo da Rainha Vermelha é assim mesmo. Corre-se mais e mais, para não sair do lugar. Alias, é preciso correr muito para ficar no mesmo lugar..."

Alias a metáfora que é o escopo do tema pode nos levar a refletir não só sobre a segurança pública, mas também sobre outros temas e aspectos.

Quantas vezes na vida nos pegamos sofrendo de tal Síndrome? Exatamente assim, correndo contra o tempo implacável para exatamente FICAR NO MESMO LUGAR? Somos frustrados com o bombardeamento pelas mídias diversas sobre a possibilidade de todo mundo ter "seu lugar ao Sol", como se o "sonho americano" fosse extensível para nós aqui também nas terras verde-amarelas. 

Crescemos e amadurecemos em uma bolha social e filosófica onde nos é apregoado que com o simples esforço e um "querer" conseguiremos atingir nossos objetivos utópicos: sermos ricos, famosos, e até mesmo coisas que julgamos simples, como sermos reconhecidos e amados simplesmente pelo nosso caráter e nossa honra, e não simplesmente pelo que temos ou nossa aparência externa, cor da pele, etc.

É aí que chegamos ao ponto de perceber que estamos fazendo EXATAMENTE o que Alice fez: correndo, correndo, correndo e correndo com toda força para ficar no mesmo lugar: pagar nossas contas, acordar cedo, trabalhar em uma rotina monótona e angustiantemente previsível, sustentar ego e luxúria de uma sociedade pautada pela aparência e com uma profundidade tão "grande" quanto uma piscina infantil.

E como Alice, no livro de Lewis Caroll, nós mesmo acabamos se frustrando, e exaustos pelo esforço inutilmente desenvolvido, desistimos de tentar, de ser, de criar, e passamos apenas a existir, de forma vazia e automática, como uma legião de fantasmas, vivendo a vida no "modo automático".

E com o olhar vazio "das mil jardas": NASCEMOS COMO UM MORTO E MORREMOS COMO SE NUNCA TIVÉSSEMOS NASCIDO.

"...e quando a própria vida funciona como uma máquina de destruir sonhos e padronizar almas..."




segunda-feira, 12 de junho de 2017

Quatro lições para a Vida

Série "Reflexões Pessoais", Nº 27


            Por muitas vezes eu olho para certa pessoa muito próxima a mim, que goza do meu amor, e fico angustiado pela infelicidade que é a sua vida. Já tentei negar esta realidade como uma forma patética de ser poupado da dor. Mas a verdade é que ao fazer isto jogo fora toda a tremenda oportunidade que tenho de aprender com os seus erros e subtrair um bom juízo de valor para a minha própria vida. Como disse Victor Franklin a respeito de uma das principais perguntas da filosofia, qual é o sentido da vida: “encontrar um sentido no sofrimento é conformá-lo a um determinado fim, transformando uma situação adversa numa realização pessoal, fazendo de uma tragédia um triunfo pessoal. Mas para isto devendo saber aonde quer chegar”. Como já sei aonde quero chegar, reduzir a probabilidade terrível de terminar os meus dias em situação similar a dela, este texto é um rompimento pessoal com o expediente da negação e uma forma de compartilhar as quatro boas lições que aprendi.
Primeira lição: jamais deposite em um terceiro a responsabilidade pela sua felicidade. Seja ele o seu filho, seu cônjuge, seu ascendente ou qualquer outro. O maior responsável por você sempre será você mesmo e quem não ama primeiramente a si não tem os meios necessários para amar ninguém mais. Apesar de não existirem fórmulas infalíveis para se viver bem, diante do caráter altamente subjetivo deste propósito, existem maneiras bem notórias de seguir no caminho exatamente oposto. Colocar qualquer mortal que seja como o centro gravitacional da sua vida é uma delas.
Segunda lição: a maneira mais fácil de fracassar na vida é achar culpados para as coisas que não deram certo. Afinal é impossível ser bem sucedido sem promover o auto-aperfeiçoamento através da correção de atitudes e uma pessoa que sempre culpa os outros acabará por se condenar à estagnação por causa, justamente, dos seus erros terceirizados. É claro que seria de um materialismo abjeto relacionar o sucesso na vida à existência de posses e dinheiro, sendo muito mais eficiente averiguar a satisfação que cada pessoa tem para com a sua própria realidade. Por meio desta prática fica fácil perceber que, invariavelmente, as pessoas fracassadas costumam ter uma face carregada, triste e, por vezes, agressiva para com o mundo, pois este sempre terá errado para que ela permaneça isoladamente como única pessoa certa no universo, bem como trilhando o perigoso e contraproducente caminho da própria comiseração.
Terceira lição: nem todo mundo que te ajuda é seu amigo. Na vida existem algumas pessoas dispostas a ajudar o próximo não por benevolência, mas sim para cobrar a preço de ouro até o auxílio mais irrelevante que prestaram. Como um contrato assinado com o diabo, nada menos do que a própria alma dos seus auxiliados poderá satisfazê-las. Portanto, ao meu ver, só existem três condutas dignas a se fazer perante gente dessa laia: rezar para que Deus as ajude, denunciar categoricamente os seus próprios engodos e evitar, ao máximo, cair em suas chantagens. Nem que para isto o sujeito tenha que carregar pelo resto da vida o injusto epíteto de pessoa ingrata.

Quarta lição: existem pessoas que estão acima de qualquer ajuda. Elas, obstinadamente, vão escolher a opção errada todas as vezes e por mais que queiramos auxiliá-las continuarão prejudicando a si mesmas, como também aqueles que lhes são mais próximos. Se debruçar em demasia na tentativa de resgatá-las é como aproximar-se de um buraco negro pronto para sugar e destruir qualquer objeto que se aproxime do seu horizonte de eventos. Consequentemente a conduta razoável que deve ser tomada diante de tão capciosa situação é a de ajudar sem se comprometer. Abrace a sua cruz sem deixar que ela te mate, pois permitir que a pessoa que você ama destrua a sua vida é pura e simplesmente falta de amor próprio. Isto feriria frontalmente a primeira lição exposta neste texto. Uma das poucas causas pela qual realmente vale a pena morrer é a do Homem Perfeito que carregou A Cruz pela salvação de toda a humanidade.


                   
"Le Penseur" por Auguste Rodin

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Tolos que se julgam Sábios

Série "Reflexões Pessoais", Nº 26


Eis uma pergunta para aqueles que possuem o mínimo de consciência a respeito da lastimável conjuntura intelectual em que se encontra o povo brasileiro: Dentre vocês quem não conhece alguém que, assim como graúda parte da população tupiniquim, está envolto pela mais deprimente ignorância, porém que em determinado momento teve a necessidade de aprender algo específico e, ao fazê-lo, passou a sentir-se tão superior aos demais ao ponto de colocar a si mesmo em um pedestal de arrogância e julgar-se como modelo de elevado padrão para todos os outros?
Pois bem, infelizmente a mentalidade (ou mendacidade) acadêmica no Brasil é responsável por criar um dos ambientes que formam milhares de indivíduos aptos a se portar dessa maneira. São alunos que aviltam o conhecimento ao utilizá-lo como mero meio para conseguir um fim como, por exemplo, quando desejam apenas ganhar um título que lhes possibilite prestar um concurso público (eles simplesmente ignoram o fato de que o conhecimento, per se, já deve ser o mais nobre fim para quem o estuda). Então, após realizar as suas efêmeras intenções, colocam-se como suprassumos de suas respectivas sociedades. Em síntese, pelo conhecimento meramente específico que possuem em relação aos demais populares de seus convívios julgam-se, pateticamente, superiores em todos os sentidos reais e hipotéticos. Apesar disso a grande maioria dessas pessoas costumam ser taxadas como arrogantes pelos demais, mantendo, deste modo, os seus imaginados prestígios apenas para a esfera das suas próprias imaginações.
Dos vários indivíduos com este tipo deplorável de comportamento, pouquíssimos se tornam proeminentes nas suas respectivas áreas do saber. Sujeitos diferenciados como esses não demoram a se destacar na sociedade e a serem envoltos por ignaros bajuladores que os ajudam a desenvolver uma certa quiromania narcisista entorno dos seus respectivos atributos. Estes, assim como o tipo que descrevi no parágrafo anterior, também se enxergam como modelo para sociedade, porém existem três substanciais aspectos que os diferem. Primeiro: eles são melhores naquilo que se propuseram a fazer. Segundo: em decorrência disso pensam, de maneira flagrante, que podem ou devem opinar em todos os tipos de assuntos, mesmo aqueles que fogem claramente as suas limitadas esferas de conhecimento. Terceiro: infelizmente eles costumam ser levados muito a sério pelas demais pessoas por estas não possuírem percepção suficiente para notar certos erros afirmativos que os denunciam (como a contradição), bem como por não possuírem parâmetros comparativos diretos e interesse investigativo.
Para dar um exemplo concludente desse tipo de sujeito é necessário retornar ao ambiente universitário, só que dessa vez eles não serão facilmente encontrados entre alunos, mas sim entre aqueles que exercem o magistério. Exemplos não faltam: é o professor de contabilidade que resolve interromper sua aula para falar que a legalização do aborto é necessária; é a professora de história que, após um discurso sobre justiça social para grupos LGBT, resolve passar um questionário para saber se os alunos são favoráveis a aprovação de leis mais rígidas contra a homofobia; é o palestrante que deveria falar sobre direito romano e acaba divagando sobre a importância das cotas raciais para mitigar a desigualdade social que oprime os pobres pretos desprivilegiados, etc.
É evidente que todos os exemplos acima possuem algo em comum: são pessoas que defendem os lobbies existentes na militância esquerdista atual. Por causa disso o leitor já deve estar imaginando que aqueles que o proferem são militantes do socialismo. Acontece que o presente texto não trata sobre esse tipo distinto de indivíduo que utiliza, conscientemente, uma posição privilegiada que ocupa para fazer proselitismo ideológico. Se assim o fosse, provavelmente, ao decorrer do presente já haveria citado nomes como o da Marilena Chauí, que é “professora” de filosofia da USP.
O tipo específico de professorado ao qual me refiro não são pessoas que possuem militância política alguma, entretanto são aqueles que, por possuírem um conhecimento distinto, se acham detentores de grande sabedoria e, por isso mesmo, agem como proficientes entendedores de quase todos os assuntos possíveis. Essas pessoas lêem os periódicos, assistem a palestras de certos doutores que exercem militância velada, e alguns até mesmo lêem os livros do momento que foram aprovados pelo Ministério da Educação. Tudo isso objetivando, em seguida, regurgitar para os seus despreparados alunos um monte de informações altamente tendenciosas e questionáveis até o último caractere como se fossem verdades irrefragáveis.
Então por que todos os exemplos que citei se referem à militância esquerdista? Simples: Porque no Brasil a mídia, o ambiente escolar desde o maternal até as universidades, os filmes, as novelas e tudo mais são claramente dominados pela pérfida mentalidade socialista. E não é de se estranhar que, em um país onde a oposição ao socialismo seja a sua co-irmã social democracia, isso aconteça. Logo, torna-se natural que o tolo professor acredite, pela repetição extenuativa, que tais lobbies são dogmas intocáveis e que se no mundo existe alguém capaz de contestá-los, essa deve ser uma pessoa que não estudou o suficiente ou que é mal intencionada. Frente a um contestador desse tipo o tolo propagandista se vê plenamente apto para defender aquilo que não entende, dessa forma, cumprindo o seu papel como um grande idiota útil que é.
Para esses tolos que se julgam sábios, eu encerro esse texto deixando um trecho da Bíblia Cristã que encontra-se em Provérbios, capítulo 26, versículos 11 e 12:
“Um cão que volta ao seu vômito: tal é o louco que reitera suas loucuras. 
Tu tens visto um homem que se julga sábio? Há mais a esperar de um tolo do que dele”.

                             
                                 O espantalho se achando inteligente após o Mágico de Oz lhe dar um diploma de universidade. 

terça-feira, 6 de junho de 2017

Por que eu acredito em Deus?

Série "Reflexões Pessoais", Nº 25



Uma pergunta que seria tão simples e ao mesmo tempo tão complexa: Porque eu acredito em Deus?

Primeiramente eu divido conceitos de forma bem clara e concisa em minha mente: Fé e Doutrina, Espiritualidade e Religião. Tais conceitos que a primeira vista poderiam ser considerados praticamente sinônimos, pra mim se opõem fortemente. Pra mim a doutrina estraga a fé, e a religião sufoca a espiritualidade.

Tendo em mente que divido claramente os conceitos retromencionados, já adianto que não sou religioso, tampouco, apesar de desnecessário dizer, sigo quaisquer doutrina de forma íntima. 

As pessoas costumam crer verdadeiramente em Deus por duas vias distintas: experiência pessoal/sobrenatural ou pela pura lógica. Desta forma, digo que minha crença em Deus, no Criador, se deu basicamente pela segunda alternativa. 

Nunca de fato pude sentir aquilo que muitos dizem sentir, e por isso cheguei a duvidar. Não poderia ter sido tão tolo.

Basicamente ao se compreender o ser humano como espécime biológico, podemos ter a noção de quão limitadas são nossas ferramentas de percepção do ambiente que nos cerca, da nossa auto-declarada "realidade". Tudo em nós é extremamente limitado, nosso cérebro nos oferece um modelo muito limitado da dita realidade para que possamos viver nossas vidas de acordo com nossos preceitos puramente biológico.

Desta forma lhes pergunto, como então que entenderíamos a lógica do Criador sendo nós mesmos a mera Criatura? Como entender a lógica de Algo que pode estar por trás da criação das próprias leis da física como conhecemos? 

É como se imaginássemos de alguma forma um computador tentando compreender o amor, ou o ódio, simplesmente não dá. O computador é criação nossa.

Não há como a Criatura entender a lógica do Criador, seria-nos muita presunção quiçá entender a sua existência ou não-existência, mesmo porque o próprio conceito de "existência" é algo muito limitado que nos é oferecido pelo nosso humilde cérebro. 

Creio em Deus, embora sou e serei sempre muito limitado para compreendê-lo.

"Somos apenas parte de um todo."





segunda-feira, 5 de junho de 2017

Ser Conservador

Série "Reflexões Pessoais", Nº 24



Ser conservador não é se posicionar no espectro oposto ao da agenda esquerdista, mas sim entender que a realidade complexa é melhor compreendida ao respeitar-se a inteligência que foi acumulada ao decorrer das gerações e que se encontra dispersa no seio da sociedade. Uma das formas de expressão de tal inteligência é, por exemplo, a tradição. 

Quem apenas age de maneira reativa em relação aos despropósitos ideológicos sempre será, no máximo, um subproduto daquilo que despreza.


"A família é a principal célula de resistência ao poder do Estado"