quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Carta "Irmã, o carnaval acaba!"

Série "Cartas Perdidas", Nº 24


Piracicaba/SP - 08 de Março de 1999



Oi irmã!

Nem vou ficar tanto perdendo tempo com muita coisa, mas como estão as coisas? A mamãe, como ela está? E a nossa Galatea? Ela é o único ser aí que eu tenho certeza que vive sem temor nenhum aí, e com outra certeza ainda digo que essa nossa Galatea não sente uma Saudade. Essa "Saudade" eu fiz questão de destacar a palavra, porque eu realmente não sei, minha querida irmã.

Tudo fica estranho depois do carnaval, as pessoas no final das contas despem as máscaras. Mas isso eu nem mesmo ligo, mas tentar despir a alma, e principalmente a nossa, fica complicado!

O problema é que, por mais que você me alertou, eu me apaixonei, e foi uma paixão de carnaval! E isso vai passa da mesma forma que o carnaval passa. Ela não era formosa ou chamava a atenção de massas, ela era extremamente normal, mas no final ela não eram nem extremamente normal nem uma pessoa que passaria por minha vida como água por rocha na cachoeira.

A despeito do primeiro contato ser feito, ela estava totalmente ébria, fazendo piadas obscenas, ela não era a linda, mas era uma linda, uma moça mais que bela, e no momento embriagada, e tudo ao meu visto, naquele momento, seu corpo mediano, seu cabelo negro e pele branca, você estava totalmente embriagada. Eu de forma nenhuma levei a serio ela.

Eu jamais imaginaria que aquele seria o mais sincero contato da sua alma com a minha. Ela estaria totalmente embriagada durante toda conversa.  E a conversa foi bem obscena, não entrarei em muitos detalhes, ela foi incisiva, e me sugeria práticas sexuais obscenas, e eu não vou de fato entrar em detalhes com você.

Mas o problema de fato é uma questão antiga, e a gente sempre esquece, porém sempre esquecemos a máxima de tudo isso, e nossos sentimentos não são imunes.

A moça, até hoje, e isso fazem 2 anos, eu lembro dela, e como eu sei? A gente correspondeu entre 1995 e 1996 e nada mudou, ela de fato é a pessoa quem eu pensei que era, mas ela era mais, era estudante de engenharia, e era uma mulher que eu realmente me interessei, não era a mulher que eu desdenhei quando ela me abordou em estado de entorpecimento totalmente alienante, e totalmente ela jamais teria me abordado sem se esse tipo de situação.

As máscaras caem no carnaval, inclusive a minha. Ela usara uma mascara mas eu nao, eu de fato taria nessa situação vulnerável.

A gente se correspondeu por um bom tempo, mas ela jamais entendei, por algum momento, que eu amei ela, e a quis, a gente só trocava carda, mas a gente era somente dois imbecis do carnaval.

Jamais levei isso em conta, ela está cursando Engenharia, ela vai ver coisas simples pra mim como Física Aplicada, Geometria Analítica, e coisas que eu realmente não ligo, eu cai daquele eterno cilo vicioso, de achar que o amor leva a algum lugar.

Não, minha irmã, não vai dar muito certo, porque já estou apaixonado. Ela tem cabelos pretos, não é linda, mas é a mais linda do mundo! Ela tem olhos pretos e olhos que me metam. Ela me conhecem pelo rapaz que manda cartas pra ela, e isso faz tempo, a gente conversa e ela sabe que ela é quem é, e eu só sou quem eu sou com ela. 

Eu tinha medo, não do carnaval, como você me falou, mas de algo estranho!

Irmãzinha eu tenho medo de apaixonar, tenho medo. Mas o papel aceita tudo, então eu tento colocar isso, espero que esteja tudo bem aí, e, pelo amor de Deus, dê comida para a Galatea.


"Só levo a certeza
De que muito pouco sei
Ou nada sei"


Um comentário:

  1. Não sei, mas esta parecendo que essa história é sua mesmo. Ou to enganada?

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